quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Cursos de Apicultura

Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Norte – FAERN

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural / Administração Regional do Rio Grande do Norte – SENAR-AR/RN

O Sistema FAERN/SENAR atua no sentido de operacionalizar ações que contribuam para com a formação profissional rural. Nessa perspectiva, desenvolve atividades de promoção social direcionadas ao homem do campo, contribuindo com sua profissionalização e a consequente melhoria da qualidade de vida para este e sua família.

Através da parceria FAERN/SENAR e Sindicato Rural de São Paulo do Potengi foram realizados no período de 19 de setembro a 18 de novembro de 2011, os cursos que contemplam a cadeia produtiva da Apicultura, no município de São Pedro/RN, na comunidade rural de Lagoa do Sobrado. 

Dentre estes:

Curso de Apicultura Básica

(Figura 1 - Apicultores preparando-se para a realização de manejo)

(Figura 2 - Captura de enxame)       

(Figura 3 - Instruções teóricas)

Curso de Implantação e manejo de Apiário

(Figura 4 - Simulação de como proceder com a instalação de apiário )       

(Figura 5 - Colocação da cera alveolada em quadro)       

(Figura 6 - Realização de manejo)

Curso de Beneficiamento do Mel

(Figura 7 - Casa do mel de Lagoa do Sobrado, vista externa)

(Figura 8 - Colheita do mel no campo)

(Figura 9 - Filtragem do mel após centrifugação)

Curso de Beneficiamento da Cera Apícola

(Figura 10 - Derretimento da cera bruta)

(Figura 11 - Processo de beneficiamento da cera)

(Figura 12 - Alveolação da cera)

Curso de Beneficiamento do Pólen

(Figura 13 - Coletor de pólen)

(Figura 14 - Pólen coletado)

(Figura 15 - Professor Alexandre Lemos, parte teórica)

Curso de Beneficiamento da Própolis

(Figura 16 - Integrantes do curso)

(Figura 17 - Coleta da própolis)

(Figura 18 - Retirada das impurezas)

Curso de Produção de Geleia Real e Abelha Rainha

(Figura 19 - Realeira com geleia real)

(Figura 20 - Preparação dos casulos artificiais)

(Figura 21 - Identificação da colmeia a ser orfanada)
       
Curso de Formação de Preços dos Produtos Apícolas      

(Figura 22 - Cálculo de custo de aquisição de materiais)

(Figura 23 - Interação da turma)

(Figura 24 - Dinâmica)

Entrega dos certificados

(Figura 25 - Entrega dos certificados)

(Figura 26 - Essa comadre Zefa!!)

(Figura 27 - Certificado do curso de Apicultura Básica)

Socialização 

(Figura 28 - Almoço)

(Figura 29 - Bolo de mel)

(Figura 30 - Turma reunida) 


Os cursos tiveram duração de 32, 24 e 16 horas, sendo dividido em dois momentos (teoria e prática), ministrados nos turnos matutino e vespertino, tendo como participantes os próprios moradores da comunidade, integrantes da Associação.


Foram, com certeza, momentos que oportunizaram diversos aprendizados, não só no que se relaciona às questões do meio apícola, mas a Meliponicultura também foi comentada, mesmo que de forma superficial, e tantos outros.

Os cursos de Beneficiamento do Pólen e Própolis e Produção de Geleia Real e Abelha Rainha teve a participação do educador Alexandre Lemos. Apicultor, dono de uma experiência vastíssima e que, dirigiu com virtuosidade os trabalhos.
É sempre gratificante esse contato mais abeirado com o homem do campo. Resta-me agora agradecer a todos da Associação de Apicultores de Lagoa do Sobrado, pela acolhida, pela atenção que tiveram para com os educadores, pelo empenho, também pela paciência em nos aturar durante o período de dois meses e, principalmente, pelos sólidos laços de amizade que foram edificados ao longo deste tempo. O meu muito obrigado.


Um grande abraço,


São Paulo do Potengi/RN, em 22 de dezembro de 2011.


João Paulo Evangelista de Medeiros
Meliponário Campos Verdes

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Caminhos e descaminhos da apicultura e meliponicultura: a desistência por um triz

Caros leitores, amásios da natureza, em especial do mundo das abelhas segue mais um relato onde procura-se tracejar de forma simplória, um panorama destacando as experiências vividas quando tive o primeiro contato com estes seres, passando pelas fases de iniciação na Apicultura e Meliponicultura, suas idas e vindas ao longo de 6 anos.

Desta vez, a Apicultura insere-se nesse contexto, pois foi a partir desta que se deu a minha aproximação com as abelhas, muito embora, meu avô possuísse alguns cortiços de Jandaíra postos sob a sombra de uma frondosa Algaroba, pouco se falava em Jandaíra como referência a abelhas nativas e, menos ainda me despertara a curiosidade em saber o por quê que uma tinha ferrão e a outra não. Partindo de um senso comum, este entendimento parece um tanto quanto complexo para uma criança de 9 ou 10 anos que, ainda não consegue articular ou desenvolver sua criticidade – isso, no meu caso.

Quando criança sempre ouvia meu avô falar em abelhas. Porém, o que me vinha a cabeça eram sempre as abelhas do gênero apis, a italiana ou “oropa” como era chamada e ainda o é nos dias de hoje. E isto é uma realidade ainda presente no imaginário de muitas pessoas, pois como não associar a palavra abelhas a ferroadas, a grande produção de mel? Costumeiramente escutava meu avô contar “em tal abelha em canto fulano de tal tirei uma lata de mel... levei umas poucas ferroadas... quase corri”.

(Figura 1 – Abelha africanizada alojada em loca de pedra)

O interessante é que meu avô procurava sempre as abelhas que se encontravam bem alojadas, como por exemplo, as que nidificavam em ambientes como: locas de pedra, moita de aveloz, casas abandonadas. Essas abelhas por encontrarem-se bem acomodadas, quando era no período de grandes floradas facilmente se tiraria de 10 litros em diante, chegando-se algumas vezes a 20 como relatou-me outro dia. Isto acontecia antigamente quando havia muitas matas, vegetação nativa onde as abelhas encontrariam néctar em abundância, hoje a nossa caatinga encontra-se extremamente debilitada e reduzida em decorrência do seu uso indiscriminado.

Outro ponto importante é que meu avô mesmo sem o domínio e/ou o conhecimento mais apurado sobre técnicas apícolas, ele sempre quando realizava a colheita de mel em enxames naturais deixava intactas as capas (favos) em que nelas eram depositadas a criação. Isso fazia com que, muitas vezes, as abelhas permanecessem no mesmo local, sendo possível a retirada de mel no ano seguinte.

Um fato que é oportuno destacar foi que, certo dia, eu tinha entre 14 e 15 anos, e meu avô foi informado que havia uma abelha situada em uma cômoda numa casa abandonada, ele rapidamente comunicou ao meu primo e, este por sua vez, me repassou. Então fomos à retirada do mel desta abelha, enfim. Passaram-se uns 5 anos, eu já havia retornado da Escola Agrícola, foi quando resolvi sob aprovação da família e principalmente do meu avô iniciar um projeto de Apicultura. Sendo assim, lembrei-me logo da abelha que havíamos tirado. Chegando ao local deparei-me com um enxame que encontrava-se no mesmo lugar. Coincidência ou não, removemos para uma colmeia, então foi a partir desta que deu início à formação do nosso apiário.

(Figura 2 – Nossa primeira colmeia, em 2005)

Imbuído na ideia de que a Apicultura era a atividade do novo milênio; não era necessário tantos cuidados; retorno financeiro garantido; investimento relativamente baixo, enfim. Demos início ao empreendimento sem termos acesso a linhas de crédito, toda a aquisição de materiais era proveniente de nossas próprias finanças. Traduzindo em miúdos, 2005 não houve colheita; 2006 também não, foram dois anos de seca intensa...

(Figura 3 – A seca em 2005 e 2006 desanimou os apicultores)

Já não tínhamos mais de onde tirarmos recursos, o projeto começou a desandar. Foi a partir daí, desanimados com os precários resultados da Apicultura que iniciamos na Meliponicultura. Aí que o impacto foi ainda maior. Envoltos, também, no pensamento de que encontraríamos um mercado mais abrangente para a comercialização do mel, adquirimos mais de 50 troncos com abelhas Jandaíra.

(Figura 4 – Aquisição de abelhas Jandaíra em troncos)

Quando lembro, me parte o coração, pois imaginem só, árvores centenárias cortadas para a retirada destas abelhas. Catingueiras, Imburanas, Quixabeiras, Pereiros, dentre outras.

E eu só não carrego comigo sentimento de culpa, pois não tinha experiência e nem muito menos noção do que estava fazendo. Apenas fui informado que havia uma pessoa comercializando esses troncos e efetuei a compra. Além desse desrespeito para com a natureza, como eu iria manejar essas abelhas sem saber? Perda na certa! Aí vieram os forídeos, alimentação incorreta... A falta de conhecimento e de uma elaboração de um planejamento contribuíram significativamente para, mais uma vez, o fracasso da atividade.

Foi necessário parar e refletir: onde está o erro? O que é necessário fazer? Vou desistir ou vou me reerguer e prosseguir?

Diante desses avanços e recuos, caminhos e descaminhos, só restava buscar o conhecimento, aprender a lidar com as abelhas, agora não mais enxergá-las como um negócio que pudesse gerar grandes lucros, e sim, como seres de uma sociedade perfeita e organizada e, mais do que isso, seres de uma relevância inumerável para o equilíbrio ambiental.

E assim foi feito, mantive contato com outros apicultores e meliponicultores, tirando as dúvidas; intensifiquei as leituras, pesquisas; passei a acompanhá-las mais de perto, observando-as... E, graças a Deus este ano registramos os melhores índices de produção, venda de mel, de caixas. Tudo isso, fruto de um trabalho em conjunto, de planejamento, de uma gestão participativa - entre a família.

(Figura 5 – Ao lado de minhas adoráveis, observando-as)

(Figura 6 – Mel de Apis do Apiário Ferreira)

(Figura 7 – Mel de Jandaíra)

(Figura 8 – Mel de Rajada)

Este ano, a título de informação foi a primeira vez em 6 anos que a produção (apicultura) atingiu os 50 kg de mel por colmeia; 
(Figura 9 – Centrifugação do mel)

já a produção na meliponicultura registramos uma média de 2,5 litros de mel por cortiço, isso nas Jandaíras. 

(Figura 10 - Melgueira completa com mel de Jandaíra)

Nas abelhas Rajadas (M. Asilvai) também fizemos colheita e, segundo meu avô há décadas não via mel de Rajada.

(Figura 11 – Melgueira completa com mel de Rajada)

Então nobres colegas, esta é a dica que deixamos - antes de iniciar em qualquer atividade (empreendimento), seja na Apicultura na Meliponicultura, é melhor sentar e elaborar um planejamento, independente de seu objetivo; procurar manter contato com criadores experientes; começar com um número reduzido, ir adquirindo experiência para depois ir aumentando conforme verificação de resultados; criar, inventar, descobrir também são algumas das orientações a que deve-se atentar.

Outro ponto positivo foi meu ingresso, este ano, no Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR-AR/RN como instrutor de cursos de apicultura e, aguardo ansiosamente para atuar na elaboração das propostas pedagógicas e como educador de Meliponicultura neste ano que se inicia. A implantação de cursos de capacitação em Meliponicultura pelo SENAR já está sendo cogitada, uma vez que estão surgindo procuras, demandas.

(Figura 12 - Colocação de cera em quadro)

(Figura 13 - Processo de beneficiamento da cera)

(Figura 14 - Turma do curso de Apicultura básica)

Por tanto, só temos é que agradecer por este ano que, foi repleto de realizações e alegrias não apenas para mim, mas para toda a família Apiário Ferreira e Meliponário Campos Vredes.

(Figura 15 – Apiário Ferreira)

(Figura 16 – Meliponário Campos Verdes)


Um grande abraço,
  
São Paulo do Potengi/RN, em 20 de dezembro de 2011.



João Paulo Evangelista de Medeiros
Meliponário Campos Verdes

terça-feira, 15 de novembro de 2011

O encontro dos meliponários, ou melhor, dos meliponicultores

Neste domingo, 13 de novembro de 2011 fomos até a cidade de João Câmara-RN visitarmos os amigos Everson e Júnior do Meliponário Baixa Verde e o amigo Obede Silva do Meliponário Mato Grande.

(Figura 1 - Encontro dos Meliponários)

(Figura 2 – Meliponário Mato Grande)

Temperatura elevada, manhã de sol encoberto pela formação de nuvens que, ameaçava, vez por outra, o andamento dos nossos trabalhos, enfim. Ao chegarmos à residência do Sr. Obede, de imediato nos dirigimos às dependências do meliponário, que por sua vez, fomos logo surpreendidos com as graciosas Uruçus (Scutelaris) que se deliciavam de um banquete a base de melancia e açúcar que, diga-se de passagem, tratava-se das últimas “garfadas” (gotas). Segundo o mesmo este tipo de alimentação utilizada é bem prática, pega-se uma fatia de melancia, lembrando que esta deve ser consumida quase em sua totalidade (não vá comer a melancia toda e deixar apenas a casca para as abelhas, lembra rs rs), em seguida, coloca-se o açúcar sobre a fatia, espera-se que este seja diluído, utiliza-se pequenos gravetos para que as abelhas não se afogue, depois é só deixar nas imediações do meliponário. (É bastante apreciado pelas abelhas, principalmente pelas Uruçus, comenta).

(Figura 3 – Abelha Uruçu na coleta do alimento)

Uma técnica interessante usada pelo Obede é a utilização de gesso para a vedação das caixas, segundo ele, é eficaz, ganha tempo, além do baixo custo.

(Figura 4 - Detalhe do gesso nas laterais da caixa)

Este cupinzeiro, ao qual está alojada uma Cupira foi envolto com gesso, pois irá conter o processo de deterioração ocasionado pela ação do tempo.

(Figura 5 - Partamona Seridoensis)

Aproveitamos a oportunidade para fazermos a recuperação de uma colônia de Uruçus que, segundo Obede, já vinha há algum tempo apresentando sinais de enfraquecimento, provocado, principalmente pelas altas temperaturas neste período do ano em nossa região. Ao abrirmos a caixa verificamos alguma postura, que por sinal, bem desregulada, muito embora, quando tivemos acesso a estrutura das crias percebemos que estas não haviam se desenvolvido, daí o fato a que se atribuiu às temperaturas elevadas.

(Figura 6 - Estrutura do ninho)

(Figura 7 - Definhamento das crias)

Outro ponto, e bem particular, diz respeito ao uso de garrafas pet para a proteção contra as lagartixas, como pode-se verificar na imagem abaixo.

(Figura 8 -  Preparo das garrafas)

Outra coisa que presenciamos, e um fato raro nos dias de hoje, principalmente pelo elevado índice de destruição do habitat natural, a mata atlântica por exemplo, berço natural das Uruçus, foi a criação destas abelhas em troncos. Segundo ele, não sabe nem dizer com precisão o tempo em que estas abelhas constituem morada nesse local, tentamos fazer uma conta, na verdade, meio imprecisa, e chutamos por longe, uns 60 anos ou mais, pois, estabelecendo uma linha cronológica, era do pai que passou para o filho que ficou com a viúva que passou para o Obede por não ter mais condições de manejá-las.

(Figura 9 - Abelha Uruçu em tronco)        

Vimos também uma colônia de Moça-branca que fez morada neste pé de limoeiro. Afirma ser proveniente de enxameação das suas.

(Figura 10 - Moça-branca)

Um dia, por demais proveitoso em termo de aprendizado para nós aqui do MCV, vimos a abelha Pimenta pela primeira vez, 

(Figura 11 - Entrada natural da abelha Pimenta)

a Cupira, já fazia muito tempo que não as via, vimos uma grande variedade de espécies convivendo harmonicamente em um mesmo ambiente, enfim, um dia em que mais uma vez tivemos a felicidade de estarmos em meio a criaturas tão doces, frágeis, quase imperceptíveis como o Mosquito-remela uma das menores abelhas do Brasil, e tão importantes para o equilíbrio do meio ambiente.

         (Figura 12 - Abelha Jandaíra em morada natural)

Um grande abraço,


São Paulo do Potengi-RN, em 15 de novembro de 2011.


João Paulo Evangelista de Medeiros
Meliponário Campos Verdes